Eles correm juntos nessa. A atividade melhora o sistema cardiovascular, aumenta a capacidade respiratória e promove o bem-estar. Bom para elevar a vida sexualpor Lilian Araújo
Correr melhora a vida sexual. Pode acreditar. Quase tão automático quanto andar, a corrida aumenta a liberação de betaendorfina, o principal neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar. Só isso já seria de grande ajuda para aumentar a libido debaixo das cobertas.
Mas dar pernadas por aí também garante um bom preparo físico para não cansar na hora agá. Mesmo! Isso porque a atividade física auxilia o sistema cardiovascular, à medida que melhora a eficiência do coração, a capacidade pulmonar de absorver mais oxigênio e facilita o transporte de hormônios pelo organismo.
Melhor condicionado, o órgão do peito bombeia mais sangue com menos esforço, favorecendo o desempenho sexual. Afinal, o cansaço (no homem), como se sabe, pode desinflar a ereção. Outro ponto que deve ser abordado é o da autoestima. Com a prática esportiva regular, o corpo fica mais torneado e atraente. Isso nos deixa mais confiantes e, naturalmente, o resultado será uma libido mais aguçada.
“A corrida promove a melhora no condicionamento físico que, de uma maneira geral, é benéfico no momento do sexo”, diz a educadora física Fernanda Bredariol Velhote, especialista em fisiologia do exercício e doutoranda em farmacologia pelo Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP).
A explicação é simples: quem corre está mais apto a suportar cargas físicas no ato sexual. Anote essa também: correr é um ótimo estimulante para a liberação de adrenalina, noradrenalina e do hormônio do crescimento (GH). Isso faz que o corpo relaxe e contribui para uma boa noite de sono, o que auxilia a recuperação muscular e metabólica como um todo.
A atividade física aumenta a autoestima, pois deixa o corpo mais torneado e atraente. Isso nos deixa mais confiantes
Feliz da vida
Quase como um efeito dominó, a prática esportiva reduz a ansiedade. Com ela, começamos a nos sentir capazes de superar pequenos desafios. Ficamos mais atentos ao corpo e, como consequência, isso aumenta nossa satisfação pessoal. “Quando nos sentimos mais atraentes, aumentamos a probabilidade de fazer sexo”, analisa a psicóloga clínica e esportiva Carla Di Pierro, especialista em Psicologia do Esporte, de São Paulo.
É bom lembrar que o ato é parte da necessidade básica de qualquer ser humano. Mas, como tudo na vida, é preciso evitar os exageros. No sexo ou na corrida, o excesso pode, sim, gerar muito cansaço e acabar causando o efeito contrário. Atletas amadores ou profissionais têm o risco de sofrer com a síndrome do overtraining, causada quando existe exaustão física e emocional.
“Corredores que exagerarem nos treinos e tiverem déficits na recuperação e alimentação podem ter sua libido diminuída”, alerta a psicóloga Carla Di Pierro. Somado ao estresse, o indivíduo pode comprometer tanto seu desempenho físico quanto seu interesse sexual.
No sexo, movimentos e posições amplos, bruscos, rápidos e duradouros podem ocasionar câimbras, contraturas musculares e estiramentos. No entanto, se realizado de forma mais passiva, a dica é: pratique, pois ele auxilia na diminuição da tensão e da ansiedade, facilitando o sono, indispensável para as noites que antecedem as competições esportivas.
Para o exercício fazer bem à mente, o praticante deve se desligar dos problemas cotidianos
Equilíbrio entre o corpo e a mente
Embora seja natural, endorfina em demasia também pode causar alguns efeitos negativos. Para a psicóloga Vanessa Cabral, do Centro de Treinamento Integrado, de São Paulo, isso pode acontecer com pessoas com mais predisposição para atividade sexual que a maior parte da população.
A psicóloga explica que, como a sexualidade é energia, o indivíduo pode canalizá-la totalmente na atividade física, tendo, por um lado, a recompensa do prazer provocado pela endorfina, porém, por outro, o isolamento. “Um adulto na faixa dos 40-45 anos de idade, por exemplo, tem considerado sua sexualidade elevada caso ele sinta a necessidade de praticar sexo todos os dias, o que seria esperado de um jovem na faixa etária dos 15-20 anos.
Canalizar esta necessidade só no esporte ou só no trabalho faz a pessoa ficar mais individualista, irritadiça e antisocial, pois começa a achar que um ou outro bastam”, alerta Vanessa Cabral. Caso semelhante aconteceu com uma paciente tratada pela psicóloga há pouco mais de um ano. Executiva, 32 anos, Marta (nome fictício) era totalmente dedicada ao trabalho.
Perfeitamente enquadrada no período de fertilidade – 30 a 40 anos –, Marta deixou, inconscientemente, sua sexualidade de lado para se sobressair profissionalmente. No auge do estresse, ela escolheu a corrida e a natação como válvulas de escape, porém, os excessos, somados ao esgotamento provocado pelo trabalho, a fizeram parar de menstruar.
“Ela é uma executiva que viveu mais o lado masculino do mundo. Na verdade, ela vivia só a mente, sem tempo para descansar, relaxar e se curtir”, analisa a psicóloga. Como uma bola de neve, o estresse eleva o nível da atividade mental e física, tendo como consequência a redução da libido sexual.
O educador físico Rodrigo Espanhol, de São Paulo, especialista em biomecânica, reeducação postural e treinamento, explica que a melhor forma de tratar o problema é buscar o equilíbrio entre o emocional e o físico. Correr de 2 a 4 vezes por semana, de 30 minutos a 1 hora cada, pode contribuir para esse reequilíbrio.
No entanto, ele alerta: “Também não adianta sair por aí pensando nos problemas que precisa resolver ou coisas para fazer. A pessoa tem de se desligar do mundo, prestar atenção na forma em que está praticando a atividade e usar os alongamentos antes e depois da corrida, como quase um processo de meditação”, aconselha.
7 Benefícios da corrida
Formação da massa óssea: o impacto causado pela corrida induz a mineralização dos ossos, fortalecendo-os e contribuindo para a prevenção da osteoporose.
Aumenta a capacidade respiratória: quando corremos, inspiramos e expiramos de forma mais intensa, exigindo mais dos pulmões. A maior capacidade pulmonar reduz o trabalho do coração na realização de um esforço físico, além de auxiliar na prevenção de doenças respiratórias.
Fortalece o sistema cardiovascular: exercícios aeróbicos (como a corrida) favorecem o aumento da elasticidade e do poder de contração das artérias. Mais forte, o coração é poupado, pois é capaz de bombear mais sangue com menos batimentos cardíacos.
Diminui o colesterol ruim: a prática de exercício físico trabalha contra a formação do LDL e aumenta os níveis do colesterol bom, o HDL, reduzindo a probabilidade de problemas coronários.
Melhora a tonicidade muscular: amplia o grau de firmeza dos tecidos musculares, que se revelam com mais vigor e energia, contribuindo tanto para a aparência física quanto para a resistência e força.
Melhora a qualidade do sono: em decorrência da liberação da endorfina, a sensação de bem-estar e relaxamento aumenta. O sono acaba sendo mais tranquilo e reparador.
Aumenta a autoestima: a liberação de hormônios do bem-estar e os resultados físicos fazem que a pessoa se sinta viva, bem com ela mesma, cheia de energia e segura
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