quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A polêmica dos corredores descalços

A polêmica dos corredores descalços

Correr sem tênis ganha adeptos nos EUA, mas especialistas alertam para risco de lesão
Um CORREDOR descalço se destaca na multidãoque participouda Maratonade 8oston, em abril • Não estranhe se, correndo em uma prova esportiva, você encontrar uma pessoa cumprindo
o trajeto descalça. Provavelmente trata-se de alguém que concorda com o americano Christopher McDougall,autor de"Born to run" (em tradução livre, "Nascido para correr"). Após sofrer lesões ao correr, McDougalloptou por aposentar os tênis e reuniu uma série de estudos para justificar sua decisão. O livro é o ponto mais evidente de um modismo que tem ganhado popularidade e causado polêmica, já que a maioria dos especialistas defende o uso de calçados.
Segundo McDougall, a parte posterior dos calçados esportivos, geralmente elevada para propiciar conforto, altera a pisada do corredor, levando-o a jogar mais peso do que o ecomendado sobre o calcanhar. Assim,o tênis enfraqueceria tendões e ligamentos, tornando-os mais suscetíveis a lesões.
Segundo estudos citados por McDougall,pelo menos um em cada três corredores sofre anualmente lesões nos pés. Outra pesquisa, publicada na "British Journal of Sports edicine",não encontrou provas de que os calçados protejam corredores. Mas também não há qualquer evidência de que os tênis exponham os atletas a Essdras M. SuareZ/The New York Times machucados, embora dois outros estudos tenham concluído que quem compra tênis mais .caros costuma ter mais problemas nos pés do que os consumidores de produtos baratos.
McDougall angariou apoio entre cientistas. Umdos que se pronunciaram a favor de sua teoria foi Daniel Ueberman, professor de evolução humana da Universidade de Harvard.
- As pessoas correm há mais de cem mil anos, e os tênis só começaram a ser usados muito recentemente. Usando uma abordagem evolutiva, acredito ser seguro e saudável correr descalço - disse Lieberman, que abdicou do tênis em seus exercícios.
Mas os calçados esportivos são defendidos pela maioria dos especialistas tanto nos EUA quanto aqui. Coordenador do projeto de assessoria esportiva Filhos do Vento,AlexandreUma
acredita que um corredor sem tênis está mais sujeito a contusões.
- Não acredito que uma pessoa de 20 ou 30 anos se acostume - ressalta. - Uma pessoa que corre descalça precisa fazê-Io desde criança, porque, assim, teria uma adaptação ortopédica mais adequada.
O tênis, segundo ele, tem pelo menos duas vantagens: absorver o impacto do pé com o solo e evitar lesões crônicas entre atletas com desvio ortopédico. Deacordo com Lima,não é possível prever o resultado de uma corrida entre duas pessoas com o mesmo condicionamento, se uma estivesse calçada e outra, descalça.
- É difícil saber ó que aconteceria, mas acredito que o tênis poderia permitir que o corredor saísse mais rapidamente do ponto estático - opina.

Bem-estar em vez de musculos



Bem-estar em vez de musculos


Investimento em novos públicos e atividades faz número de academias dobrar



OBrasil é conhecido como o. país do samba e do futebol. Mas pelo visto também é a terra das academias. Somos o segundo país do mundo em academias - em primeiro estão os EUA com 30 mil estabelecimentos. O número dobrou de 2007 para cá, passando de cerca de 7 mil para exatos 14.016.Os dados estão em estudo que será apresentado esta semana na Conferência Latino-Americana da Associação Americana de Clubes de Saúde (lHRSA), organizada pelo Instituto Fitness Brasil,' em São Paulo. Por trás desses -números há mais do que apenas vaidade, dizem especialistas em atividade física. Hoje é a busca por melhor qualidade de vida que leva cada vez mais gente - em especial, pessoas com mais de 60 anos - para as academias.
A receita convencional de musculação, ginástica localizada e alongamento não 'reina mais absoluta. Ganham espaço a cada ano técnicas que e xploram movimentos do dia-a-dia, os chamados trenamentos funcionais, que incluem programas com pilates, ioga e dança, por exemplo.


Sustentabilidade ate no corpo
- O culto à forma física tornouse um gueto dentro de uma proposta muito maior, já chamada de revolução do bem-estar - diz Waldyr Soares, presidente do Fitness Brasil. - Trata-se de um conceito que transcende o espáço da academia.
Não adianta falarmos em sustentabilidade se não levarmos este conceito ao nosso próprio corpo. A aposta em novas atividades aumentou o número de atletas. Até a década passada, a faixa etária predominante nas academias ia dos 20 aos 40 anos. Hoje, existem atividades para crianças a partir dos 12 anos, além de turmas dedicadas a quem passou dos 60.
A expansão das academias deve muito à ciência. Uma série crescente de estudos aponta a atividade física como fundamental para a prevenção de doenças cardiovasculares e metabólicas diabetes e obesidade, entre outras. Os estudos, já referendados pela comunidade médica, tjveram o impacto até no currículo de profissionais de educqs;ão física.
- Antes formávamos técnicos que, no máximo, atuariam com ginástica e musculação - lembra Marcelo Costa, vice-presidente do Conselho Regional de Educação Física.
- Hoje, os alunos têm aulas de educação física terapêutica, recuperação muscular para pessoas lesionadas e políticas públicas de saúde.
Somos qualificados para trabalhar com equipes multidisciplinares, inclusive dentro de hospitais.
Para reforçar a interação com outras áreas, a Associação Brasileira de Academias (Acad) vai lançar, ainqa este ano, uma campanha contrária ao uso de suplementos alimentares, ainda muito recomendados por instrutores. - O uso dessas substâncias é dispensável para a maioria das pessoas.
Basta- manter uma alimentação balanceada - pondera CláudioJosé de AIbuquerque, presidente da Acad. _
O atleta com limitação renal ou hepática, por exemplo, pode ter alguma complicação se insistir em tomar suplementos por conta própria.
A campanha da Acad é um golpe no conceito da academia como "fábrica de sarados". A associação \tmamanbtéemr esrpecaoçomsenadmaplaoss,esuesmfialipaadroeslhos, em suas salas de musculação.
Seria"um local adequado para atividades que trabalhem com outros conceitos, como, por exemplo, fazer" abdominal em cima de um bola - um instrumento que complementa o exercício, por testar a capacidade de equilíbrio do aluno.
Como a musculação já é velha conhecida de quem frequenta academias, a ordem, agora, é comPletá-Ia com treinamento funcional.
- É a última tendência do mercado, por apostar na reprodução de movimentos feitos no dia-adia - ressalta André Leta, diretor-técnico da rede de academias Proforma. - São exercícios
que nos dão segurança e condicionamento para diversas atividades, como pôr e retirar as compras do carro, ou propiciar que um idoso consiga entrar no ônibus sem cair.
Além do investimento em outros públicos com novas atividades, a Acad credita o crescimento do setor ao aumento da classe C, antes pouco representada nas academias. _

BEM BOLADO


BEM BOLADO


Coloque uma bola de tênis no chão e deite-se sobre ela, posicionando-a ao lado da coluna vertebral. Dobre os joelhos, eleve a pelve tirando-a do chão e deslize sobre a bola, para frente e para trás, mantendo o peso das costas.


RUNNER´S WORLD [ outubro I 2009] Página 32.