sexta-feira, 22 de abril de 2011

O que é felicidade?









Cada pessoa tem um conceito sobre o que é felicidade e como conquistá-la. A dificuldade está na maneira de como lidamos com as adversidades da vida.
Para muitos, a felicidade consiste em adquirir bens materiais, ter um trabalho bem-remunerado e ser reconhecido por seus talentos, possuir uma família harmoniosa e gozar de boa saúde. A pessoa acredita que, se conquistar tudo isso, é o suficiente para encontrar a felicidade.
Outro paradoxo são as pessoas que sempre querem ganhar muito dinheiro, acreditando que com isso alcançará a felicidade. No entanto, ser rico não quer dizer ser feliz.



Qual é o papel do dinheiro na vida das pessoas? No âmbito de qualquer sociedade, as pessoas ricas são vistas como mais felizes do que as pessoas pobres. Mas temos observado que ao longo desses últimos anos a renda de muitas pessoas tem crescido, mas a felicidade não tem acompanhado esse crescimento.
Então, o que está acontecendo? Será que o significado da palavra felicidade tem mudado ao longo do tempo? Pois o que temos observado é que o nível de stress e depressão na população tem aumentado.
Por que isso acontece? A evidência que temos é que as pessoas comparam seus rendimentos com alguma regra imposta, mas não dita, pela sociedade e que essa regra aumenta o tempo inteiro e, como resultado, temos cada vez mais pessoas sempre sem tempo e estressadas para conseguir chegar ao que elas chamam de topo.
A nova casa, o novo carro, acaba não tendo mais valor a partir do momento que existem lançamentos, ou quando o amigo comprou o último modelo, o vizinho adquiriu um modelo mais caro. Suas conquistas começam a perder a graça.
Vamos dar um exemplo: para um homem de classe inferior provar o amor dele por uma mulher, é só lhe dar uma rosa, porém uma pessoa rica tem que dar uma dúzia de rosas.
Você percebe que as pessoas se autossabotam. Todas têm um sonho, mas quando o alcançam, voltam os olhos para algumas outras pessoas que conseguiram um pouco mais que elas e se sentem frustradas, recomeçando a corrida por um novo sonho e assim por diante. Com isso, acabam não tendo muito tempo para comemorar suas conquistas, pelas quais tanto batalhou, sentindo-se infeliz novamente.
Lamentavelmente, não sabemos definir com precisão que sentimento é esse por estarmos vinculados ao material e esquecermos do lado espiritual.
Segundo Richard Layard, economista britânico de renome e autor do livro “Felicidade: Lições de uma nova ciência”, existem dois aspectos importantes na nossa filosofia de vida, centrais para atingirmos a felicidade: a forma como interagimos com nós mesmos e a forma como interagimos com os outros. Obviamente as pessoas são mais felizes se forem capazes de apreciar o que têm – seja lá o que for – e se não estiverem sempre a se comparar com os outros.



Algumas pessoas encontram conforto dentro delas mesmas, e muitas relacionam esse conforto a Deus. Na verdade, uma das mais robustas conclusões patente nos estudos levados a cabo por Layard indica que as pessoas que acreditam em Deus são mais felizes. A crença em algo é meio caminho andado para a felicidade.
“Às vezes, conseguimos obter sucesso na vida conquistando muitos bens materiais, mas se para isto a alma não foi trabalhada, a pessoa entra numa insatisfação enorme, não compreendendo o porquê, apesar de tudo, ainda não é feliz, dizendo: - Tenho tudo que sempre quis, mas não sou feliz-. É quando ela confunde o ter com o ser, gerando medo de perder o que conquistou. Por outro lado, a conquista da alma não pode ser roubada por ninguém, nem por nada. Nisso consiste a segurança interna que se traduz em paz, em felicidade”, esclarece a psicoterapeuta e diretora do Instituto de Psicologia Avançada, Maura de Albanesi.
Daí inicia-se uma corrida insana para obter esses elementos para “ser” feliz, esquecendo-se, às vezes, da ética, da cidadania, do respeito aos outros. O mais importante é que, para obter tudo isso, a pessoa terá que enfrentar determinados desafios internos, por ela esquecidos e até tidos como irrelevantes. A conseqüência é que os resultados esperados não são obtidos, levando-a a sensação de fracasso e, obviamente, culpando alguém por seu insucesso, colocando por terra a tão almejada felicidade.
“A maior felicidade do homem é quando ele enfrenta a si mesmo, reconhece as suas limitações e, num esforço sobre-humano, consegue as transformações que possibilitarão enfrentar os desafios externos”, explica Dra. Maura.
Para enfrentarmos as dificuldades da vida nos é concebido determinados talentos, que postos em ação assertiva, auxiliam-nos na vida.
Quando estamos enfrentando um relacionamento difícil é porque estamos nos deparando com algum desafio interno, como por exemplo, a onipotência, os julgamentos, as críticas, a vaidade de querer estar sempre com a razão e assim por diante. E tudo isso nos distancia da felicidade. Só quando encaramos os nossos monstros internos, podemos nos considerar heróis de verdade e vivenciarmos a esplendorosa felicidade. Todo ser humano é possuidor de recursos naturais (seus próprios talentos e capacidades) para enfrentar os problemas e sair com a vitória da autorrealização e reconhecer que os meios são mais valiosos do que os fins, pois a felicidade está disponível a todos. É só abrir mão de querer coisas apenas (o fim em si) e se empenhar em ser uma pessoa melhor (os meios que nos levam a crescer). Para obter a felicidade é necessária boa dose de sabedoria. Para a Dra. Maura, os ideais e sonhos muitas vezes vão além da sua concretização, servindo como estímulos para continuarmos a caminhada. Se rebaixarmos os nossos ideais a ponto de finalizá-los, perdemos o sentido individual da vida, a motivação, a paixão, caindo num estado depressivo e nos distanciando cada vez mais da felicidade. Manter acesa a chama dos ideais é estar sempre aberto para a felicidade, para novas conquistas, novos desafios, e tudo isso nos mantém vivos. Um homem sem ideal é um homem morto.


Mas, diante disso tudo, não devemos nos esquecer que muitas pessoas, contudo, carregam consigo angústia, raiva, tristeza, medo, entre outros sintomas típicos de uma sociedade contemporânea agitada. Alguém consegue tornar-se inteiramente imune a essas aflições emocionais? Muito provavelmente não. A ciência, preocupada em entender o ser humano em sua profundidade, voltou os olhos para a depressão e suas conseqüências, mas não prestou atenção à felicidade e sua trajetória na vida de qualquer pessoa. Elas possuem uma tendência a se afetar pelos problemas e energias negativas do dia-a-dia. Então, como mudar isso e levar uma vida mais feliz?
“Há pessoas que têm uma baixa vibração energética. Estão sempre reclamando da vida e têm pensamentos negativos. Por isso, é importante se afastar delas. A grande dificuldade é tomar esta decisão, pois muita gente acredita que somente os outros é que estão errados. Nós devemos lembrar que a alma precisa dos mesmos cuidados que temos com o corpo. Assim como muitas vezes deixamos de comer algo que pode prejudicar a nossa saúde física, devemos também filtrar tudo o que fará mal a nossa saúde energética”, explica a psicoterapeuta.
Quando alguém se comporta de forma derrotista, fato comum, pois somos humanos, ela tende a aceitar tudo o que pensa e sente, além de se aborrecer sem necessidade. Em grande parte, de fato, o ser humano cria suas próprias aflições emocionais ao escolher, inconscientemente ou conscientemente, pensar de forma irracional, criar pensamentos negativos, doentios e agir de maneira derrotista. “Felizmente, podemos mudar essa situação hostil ao crescimento humano. O desejo de mudança, geralmente, só surge quando acontece algo de ruim na vida da pessoa. Assim, ela consegue refletir e avaliar o que é bom e ruim na vida dela. Com persistência e esforço, atingiremos a mudança desejada, tornando-nos menos afetáveis, ansiosos, deprimidos e agressivos, além de evitar dificuldades emocionais quando estivermos perto de vivenciá-las”, diz Maura.
Metas para mudar
Estabelecer metas de vida para se tornar menos vulnerável também é primordial para obter o sucesso desejado durante a mudança. A psicoterapeuta afirma que o ser humano deve deixar prevalecer dentro de si a força de vontade e determinação para mudar. “Somos pessoas complexas na forma de pensar, sentir e de nos comportarmos. Logo, precisamos planejar a mudança de vida, ou seja, estar ciente que precisamos mudar e como fazer isso, e escolher uma meta de vida, decidir, persegui-la e obrigar-se a implementá-la a curto prazo”, explica Maura.
Quando alguém atinge com êxito a meta desejada, essa pessoa conseguirá observar o progresso dela de tal forma a estar apta a decidir se vai continuar ou não com o novo paradigma de vida, planejar novas possibilidades, obrigar-se a realizar novos planos e observar os resultados, refletindo a cerca das metas alcançadas e sobre as mudanças ainda desejadas.


“Enfim, podemos mudar, ser um pouco menos vulnerável e feliz se seguirmos alguns métodos da psicologia e cuidarmos mais dos nossos pensamentos, mas nunca seremos completamente imperturbáveis, pelo menos enquanto formos seres humanos. A ciência afirma também que a maioria dos indivíduos com sérios distúrbios de personalidade já nasceu com alguma deficiência biológica, isto é, eles já têm tendência a alguns distúrbios de pensamentos, sentimentos e comportamentos, a ponto de transmitir essa vibração ruim para outras pessoas. Portanto, temos que ficar cientes de que qualquer ser humano pode ser mais feliz, mas o caráter e personalidade são itens que não devemos mudar, pois são inerentes ao ser humano”, finaliza a psicoterapeuta.
Lembre-se, a vida é assim, uma busca incessante por “momentos felizes”. Curta sempre esses momentos felizes, antes de abandoná-la por novos ideais. Permita-se curtir essa felicidade resultante de suas conquistas. Comemore!
Dicas da Dra. Maura para mudar:
• Controlar pensamentos e emoções perturbadores, isto é, pensar positivamente para contagiar a si próprio e as pessoas ao redor.
• Inclua na sua rotina ações que o fazem sentir-se bem.
• Viva o presente. O passado não volta e o futuro depende das nossas ações no presente.
• Tornar-se menos vulnerável a ações, palavras e circunstâncias exteriores.
• Abandonar hábitos e atitudes destrutivos como, por exemplo, freqüentar lugares com baixa vibração energética.
• Estabelecer relações saudáveis, ou seja, evitar pessoas que estão sempre com baixa energia e pensamentos negativos. O pensamento tem força!
• Cultivar emoções positivas que conduzam à verdadeira plenitude interior. Nós somos vulneráveis a baixas vibrações, mas com as boas também.
Por fim, uma frase do ilustre Érico Veríssimo:
“Felicidade é a certeza de que nossa vida não está se passando inutilmente”.

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